Segunda graduação pode ser opção para quem quer redirecionar a carreira


 

Segunda graduação pode ser opção para quem quer redirecionar a carreira


Publicada em 18/01/2007 - Fadua Matuck - O Globo Online


RIO - Para redirecionar a carreira ou apenas por satisfação pessoal, cursar uma segunda graduação pode ser uma boa opção. Mas, para o diretor executivo de desenvolvimento educacional da Fundação Getulio Vargas (FGV), professor Antônio Freitas, nem sempre o segundo diploma é necessário. De acordo com Antônio Freitas, ele só se justifica se o estudante está decepcionado com a carreira que escolheu e quer mudar radicalmente. Para o professor, na hora da primeira escolha, os jovens nem sempre estão bem informados sobre as diversas possibilidades profissionais que se apresentam e, só depois se dão conta de que não estão no caminho certo. Em alguns casos, segundo ele, o ideal e o mais comum é fazer uma especialização ou um MBA.

- A segunda graduação só se justifica se o estudante está decepcionado com o curso que havia escolhido ou em casos em que é ela é fundamental para poder atuar numa determinada carreira - explica.

De um modo geral, os estudantes tentam se readequar fazendo especialização, em especial a lato sensu.

- Administração detém 50% do mercado de trabalho no Brasil. Em uma empresa, metade das vagas é para a área fim e a outra é ligada à administração: logística, gestão de pessoas, gestão de tecnologias, finanças, marketing. Por isso, as especializações em negócios e marketing são tão procuradas - afirma.

“ Segunda graduação só se justifica se o estudante está decepcionado com seu curso”

De acordo com Antônio Freitas, quando o aluno escolhe certo, em 10 anos de carreira ele chega a diretor de uma empresa.

- Não acredito que o fato de ter mais de uma graduação possa ajudar profissionalmente. Ninguém vai contratar alguém por que ele tem dois ou três diplomas. Impressiona mais ter um mestrado, um doutorado ou uma especialização - avalia.

Mas, quem ainda não decidiu encarar uma pós-graduação pode, tendo o tempo como aliado, concluir uma segunda graduação e ampliar o leque de opções. Na maioria das universidades, a grade curricular de determinados cursos - como economia, ciências contábeis e administração, ou jornalismo, publicidade e cinema, ou ainda, entre as graduações de engenharia -, tem conteúdos interdisciplinares a fim de facilitar a segunda formação. Depois de formado, o aluno leva, na maioria dos casos, apenas mais dois anos ou dois anos e meio - metade do tempo de um curso normal - para concluir ter o segundo diploma.

 

Segundo o professor César Vargas, diretor executivo da Faculdade Moraes Júnior-Mackenzie, o currículo dos cursos de economia, administração e ciências contábeis da instituição têm cerca de 45% de grade comum, o que permite que o aluno termine o segundo curso em apenas dois anos.

- Por sugestão dos próprios alunos, repensamos os currículos de forma a integrar mais os cursos, criar uma sinergia entre eles. Isso estimula o retorno de ex-alunos para complementarem suas formações - explica.

César Vargas acredita que esta seja uma boa maneira de se preparar para o mercado de trabalho. Segundo ele, apesar de se comunicarem, as formações são distintas, o que possibilita um aprofundamento em cada área.

- O administrador aprofunda os conhecimentos em contabilidade e o economista em gestão empresarial - diz.

“ Formações distintas, apesar de se comunicarem, possibilitam um aprofundamento em cada área ”

Logo após terminar o curso de administração na Mackenzie Rio, em dezembro de 2005, Luciana Suelen, 22 anos, já começou a cursar contabilidade. Sua segunda graduação vai levar apenas dois anos e meio. Depois de ter estagiado na área financeira da própria faculdade, Luciana começou a trabalhar com auditoria e gosta de lidar com a área prática da administração, os números.

- Depende muito do foco que a pessoa tem para sua carreira, mas para mim compensa muito cursar as duas faculdades. Além disso, o fato de ter outra graduação abre o leque de opções no mercado de trabalho - afirma.

Já o estudante de ciências da computação Michel Matias, de 24 anos, decidiu voltar à Universidade Veiga de Almeida para fazer o segundo curso depois de se formar no superior profissional em análise e desenvolvimento de sistemas, que tem duração de dois anos.

- Não queria perder tempo, então resolvi fazer um curso na mesma universidade, pois além de conhecer a estrutura que ela oferece, sabia que podia cortar várias matérias e economizar muito tempo.

Michel conta que, com a escolha do segundo curso, precisará cursar apenas um ano e meio ou dois dos quatro totais.

- Vou sair da universidade com dois diplomas em cerca de quatro anos, ou seja, o tempo em que normalmente as pessoas levam para terminar apenas um curso.

Juliano Gomes de Oliveira, se formou em publicidade, na PUC-Rio em 2003, emendou com jornalismo e, em 2006, terminou cinema.

- Fui emendando, aproveitando as matérias que havia cursado. Esse tempo de universidade traz muitas descobertas. Na minha opinião, a faculdade, ou pelo menos seu início, deveria ser menos específica, ou suportar mais possibilidades de interdisciplinaridade - conclui.